“A educação não muda o mundo, muda as pessoas que irão mudar o mundo.”
–Paulo Freire
Transmitir às crianças a importância de agradecer, de pedir “por favor” ou
de dizer “bom dia” ou “boa tarde” vai muito além de um simples gesto de
educação. Estamos investindo em emoções, em valores sociais, e acima de tudo,
em reciprocidade.
Para criar uma
sociedade baseada no respeito mútuo, onde o civismo e a consideração façam a
diferença, é preciso investir nesses pequenos hábitos sociais aos quais às
vezes não damos a devida importância. Porque a convivência se baseia, no fim
das contas, na harmonia, nessas interações de qualidade baseadas na tolerância
onde todas as crianças deveriam ser iniciadas logo cedo.
Sou da geração
da gratidão, do por favor e do bom dia, da mesma que não duvida em dizer “sinto
muito” quando é necessário. Qualidades, todas estas, que não hesito em
transmitir aos meus filhos, porque educar com respeito é educar com amor.
Um erro que
muitas famílias costumam cometer é iniciar os filhos nestas normas de cortesia
quando os pequenos começam a falar. Mas é interessante saber que o “cérebro
social” de um bebê é extremamente receptivo a qualquer estímulo, ao tom de voz,
e mesmo às expressões faciais de seu pai e sua mãe.
Acredite se
quiser, podemos educar uma criança nos seus valores desde muito cedo. Suas
aptidões são inesperadas e precisamos aproveitar essa grande sensibilidade em
matéria emocional.
Agradecer, uma
arma de poder no cérebro das crianças
Os
neurocientistas nos lembram que o sistema neurológico de uma criança está
programado geneticamente para se “conectar” com os outros. É uma coisa mágica e
intensa. Mesmo as atividades mais rotineiras, como alimentá-los, dar banho ou
vesti-los, se transformam em informações cerebrais que configuram de um jeito
ou de outro a resposta emocional que essa criança terá no futuro.
O desenho dos
nossos cérebros, por assim dizer, nos faz sentir implacavelmente atraídos por
outros cérebros, pelas interações de todos aqueles que estão ao nosso redor.
Portanto, uma criança que é tratada com respeito e que desde cedo se acostumou
a ouvir a palavra “obrigado” rapidamente entenderá que está diante de um
estímulo positivo poderoso e que, sem dúvida, irá desvendando pouco a pouco.
É muito provável
que uma criança de 3 anos a quem seu pai e sua mãe ensinaram a dizer obrigado,
por favor ou bom dia, não compreenda muito bem ainda o valor da reciprocidade e
do respeito que essas palavras impregnam. Mas tudo isso cria uma base
apropriada e maravilhosa para que depois as raízes cresçam fortes e profundas.
No fim das
contas, a idade mágica compreendida entre os 2 e 7 anos é a que Piaget
denominava como “estádio de inteligência intuitiva”. É aqui onde os pequenos,
apesar de estarem sujeitos ao mundo dos adultos, irão despertando
progressivamente o sentido do respeito, intuindo esse universo que vai mais
além das próprias necessidades para descobrir a empatia, o sentido de justiça
e, obviamente, a reciprocidade.
A reciprocidade,
um valor social de peso
Quando uma
criança descobre finalmente o que acontece nos seus contextos mais próximos
quando pede coisas com um ‘por favor‘ e as conclui com um ‘obrigado’, nada mais
será igual. Até o momento, ela o realizava como uma norma social
preestabelecida pelos adultos, uma coisa que lhe trazia incentivos positivos
pelo seu bom comportamento.
“A educação não
muda o mundo, muda as pessoas que irão mudar o mundo.”
–Paulo Freire–
–Paulo Freire–
Contudo, cedo ou
tarde ela experimentará o autêntico efeito de tratar com respeito a um par, e
como essa ação se reverte, por sua vez, nela mesma. É uma coisa excepcional,
uma conduta que a acompanhará para sempre, porque tratar com respeito aos
outros é, além disso, respeitar a si mesmo, é agir de acordo com certos valores
e um sentido de convivência baseado em um pilar social e emocional de peso: a
reciprocidade.
Será por volta
dos 7 anos de idade que nossos filhos descobrirão plenamente todos estes
valores que perfazem a sua inteligência social. É nesse instante que começam a
dar mais importância à amizade, a saber o que implica essa responsabilidade
afetiva, a entender e desfrutar da colaboração, atendendo necessidades alheias
e interesses diferentes dos próprios.
É, sem dúvida,
uma idade maravilhosa onde todo adulto precisa ter em mente um aspecto
fundamental: precisamos continuar sendo o melhor exemplo para nossos filhos.
Agora, a pergunta mágica é a seguinte… De que forma vamos envolvendo nossos
filhos desde cedo nessas normas de convivência, de respeito e de cortesia?
Sugerimos
algumas simples estratégias para que você tenha em mente, algumas orientações
básicas para apontar às crianças em cada situação:
Você chegou ou
entrou em algum lugar? Cumprimente, diga bom dia ou boa tarde.
Você vai embora? Diga adeus.
Recebeu um favor? Alguém lhe deu alguma coisa? Agradeça.
Alguém falou com você? Responda.
Alguém está falando com você? Ouça.
Você tem alguma coisa? Compartilhe.
Você não tem? Não inveje.
Você tem alguma coisa que não é sua? Devolva-a.
Você quer que façam alguma coisa por você? Peça por favor.
Você se enganou? Peça desculpas.
Você vai embora? Diga adeus.
Recebeu um favor? Alguém lhe deu alguma coisa? Agradeça.
Alguém falou com você? Responda.
Alguém está falando com você? Ouça.
Você tem alguma coisa? Compartilhe.
Você não tem? Não inveje.
Você tem alguma coisa que não é sua? Devolva-a.
Você quer que façam alguma coisa por você? Peça por favor.
Você se enganou? Peça desculpas.
São regras
simples que, sem sombra de dúvida, serão de grande ajuda no dia a dia de
qualquer família.
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