Eu
já fui vítima de violência, e não foi nada agradável, muito pele contrário, foi
péssimo.
Quando
era pequena, praticamente todos os dias, quando ia para a escola na carrinha do
infantário, um rapaz dizia-me, que naquele dia era a minha amiga a quem ele ia
bater, mas de um momento para o outro dizia que ia ser eu. Eu ficava com medo e
dizia-lhe que ele tinha dito que ia ser ela e não eu. Quando estávamos na
escola, meio da tarde, ele vinha ter comigo, ria-se e começava a bater-me. As
pessoas à minha volta não faziam nada, simplesmente olhavam e apoiavam. Quando
eu ia pedir ajuda às professoras elas faziam-me uma festa na cabeça e diziam
que iam falar com ele. Eu ficava melhor, mas sempre com receio que ele me
batesse de novo.
Noutros
dias eu via a minha amiga a sofrer nas mãos dele mas e, com medo, nunca pude
fazer nada. Sentia-me triste e ao mesmo tempo contente por não ser eu no lugar
dela. A situação continuava igual, ninguém fazia nada nem mesmo os professores.
Então a minha mãe foi á escola, falar com a professora para saber o porquê de
as coisa continuarem na mesma. Quando chegou a casa disse-me que a professora
não podia fazer nada porque ele tinha problemas de cabeça. Parecia que ninguém
podia fazer nada, mas ele podia continuar. Como a minha mãe tinha ido à escola,
a professora falou com ele, mas as coisas pioraram; ele aproximou-se de mim, eu
estava com uma amiga em quem eu confiava; ele agarrou o meu cabelo e puxou; com
toda a força que tinha; eu quase caí. Pedi ajuda à minha amiga mas, ignorou-me
e dizia-me para eu a largar. Desde esse dia nunca mais confiei e ninguém e só
mostrava o meu lado frio. Então sempre que algum rapaz ou rapariga se aproximava
demais de mim eu partia para a violência, como se eles fossem aquele rapaz.
Agora
eu sei, essa maneira de pensar estava muito errada, pois se não quero que as
pessoas sofram como eu e se não quero que eles se afastem de mim, eu esforço-me
ao máximo para evitar a violência física e principalmente a verbal, que pode
magoar muito mais.
Sofia Sousa