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quinta-feira, 25 de maio de 2017

Falta de sono crónica pode aumentar o risco de demência

Falta de sono crónica pode aumentar o risco de demência.
  Sara Sá Jornalista

Já se sabe que o sono afeta o funcionamento do cérebro. Depois de uma noite mal dormida, faltam-nos as palavras, temos dificuldade em recordar acontecimentos, ficamos irritadiços. Mas, à partida, depois de uma noite boa de sono volta tudo ao normal. Quanto à falta de sono crónica, esta pode ter efeitos mais graves e definitivos. Já se tinha percebido, em estudos com ratinhos, que a privação de sono aumenta o risco de aparecimento de Alzheimer, ao promover a formação de placas da proteína beta-amilóide, que estão na origem desta grave forma de demência. Agora, outro estudo, também em ratinhos, veio tornar mais clara a relação entre o tempo de descanso e os neurónios. Um grupo de investigadores da Universidade Politécnica delle Marche, em Itália, percebeu que, nos animais obrigados a ficarem acordados, a taxa de "limpeza" é maior, pondo em risco estruturas cerebrais importantes para a memória - afetada na doença de Alzheimer. Em todos os órgãos, há células especializadas em eliminar detritos - operação essencial para manter tudo a funcionar em pleno. No cérebro, esta função é desempenhada pelas células da microglia, que digerem as células que já estão muito gastas e que por isso precisam de ser eliminadas. Em ratinhos privados de dormir, verificou-se um excesso de atividade destas células, o que está relacionado com uma série de problemas cerebrais. "Já sabíamos que em doentes de Alzheimer e com outras formas de doenças neurodegenerativas se observa uma atividade sustentada da microglia", explicou o investigador responsável pelo estudo, Michele Bellesi, à revista New Scientist. No estudo, publicado no Journal of Neuroscience, também se dá conta do impacto do sono na atividade dos astrócitos, que são responsáveis pela limpeza das ligações sinápticas desnecessárias. Depois de uma normal noite de sono, 6% dos astrócitos estavam ativos. Nos ratinhos que foram obrigados a ficar acordados durante mais oito horas, esta taxa de atividade foi de 8 por cento. Em ratinhos que estiveram acordados cinco dias seguidos, 13,5% dos astrócitos andavam a destruir as ligações cerebrais. O próximo passo, avança a equipa, é tentar perceber se uma terapia de sono pode reverter os eventuais danos causados por noites em claro.


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